terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Poesia Felicidade Fernando Pessoa

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

domingo, 18 de dezembro de 2011

UM BAIRRO CHAMADO LAGOA DO MATO –Antônio Francisco

Nasci numa casa de frente pra linha,
Num bairro chamado Lagoa do Mato.
Cresci vendo a garça, a marreca e o pato,
Brincando por trás da nossa cozinha.
A tarde chamava o vento que vinha
Das bandas da praia pra nos abanar.
Titia gritava: está pronto o jantar!
O Sol se deitava, a Lua saia,
O trem apitava, a máquina gemia,
Soltando faísca de fogo no ar.

O galo cantava, peru respondia,
Carão dava um grito quebrando aruá,
A cobra piava caçando preá,
Cantava em dueto o sapo e a jia,
Aguapé se deitava e depois se abria,
Soltava seu cheiro nos braços do ar
O vento trazia pro nosso pomar,
Vovô se sentava no meio da gente
Contando história de cabra valente
Ouvindo lá fora do vento cantar


Mas hoje nosso bairro está diferente.
Calou-se o carão que cantava na croa,
A boca do tempo comeu a lagoa
E com ela se foi o sossego da gente.
O vento que sopra agora é mais quente
E sem energia não sabe soprar.
A máquina do trem deixou de passar,
Ninguém olha mais pros raios da Lua
Que vivem perdidos no meio da rua
Por trás dos néons sem poder brilhar

Perdeu-se traíra debaixo do barro,
O sapo e a jia também foram embora.
Aguapé criou pé, deu no pé e agora?
Só rosas de plástico tristonhas num jarro,
Fumaça de lixo, descarga de carro,
Suor de esgoto pra gente cheirar,
Telefone gritando pra gente pagar,
Um louco na rua rasgando uma moto,
Um besta na porta pedindo o meu voto
E outro lá fora querendo comprar.

Um carro de som fanhoso bodeja:
Tem água de coco, tem caldo de cana,
Cocada de leite, gelé de banana,
Remédio pra caspa, tem copo, bandeja.
Uns quatro vizinhos brincando de igreja
Vão pra calçada depois do jantar.
O mais exaltado começa a pregar:
Jesus é fiel, castiga, mas ama!
E eu sem dormir rolando na cama
Pedindo a Jesus pro culto acabar.

E pegue zoada por trás do quintal:
Salada, paul, pomada, paçoca,
Pamonha, canjica, bejú, tapioca,
A do Zé tem mais coco, a do Pepe é legal!
Dez bola, dez bola, só custa um real!
Mas traga a vasilha pra não derramar!
Apuveite! Apuveite! Que vai se acabar!
E alguém grita: gol! Minha casa estremece
E eu digo baixinho: meu deus se eu pudesse
Armar minha rede no fundo do mar!

Nota Nº 1

Aos nossos admiradores, amigos, seguidores e leitores…

Primeiramente, gostaria-mos de pedir desculpas por não voltar a fazer novas postagens em nosso blog. O motivo: nosso grupo enfrentou uma forte onda de problemas, por pouco não chegamos ao fim. Mas nossa vida é marcada por uma doença incurável, a doença de viver com a arte. A arte já está em nossas veias e por mais que nos afastemos, é impossível abandona-la.

Quanto ao blog, iremos fazer postagens com mais frequência, se possível, diariamente… nas quais terão uma diversidade, uma mistura…

Podendo ser por exemplo: uma poesia, um cordel, um texto ou até mesmo um boletim informativo…

Não deixe de dar sua visitinha aqui…

E a todos: Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

Um Forte Abraço!